QUARENTA

Tenho a consciência que preparei a corrida bem. Apesar de ter ficado doente as duas últimas  semanas, sentia-me bem nos dias antecedentes à grande corrida. Mas a "coisa" não correu tão bem como o previsto, ou seja, não foi fácil. Apesar de tudo fiz os 40 quilómetros que se impunham (e mais um pouco, na verdade corri a distância da maratona).

Este é o meio-dia da vida, quando o sol toca o seu ponto mais alto no céu. Olhando para trás e fazendo um balanço de vida: foi o melhor ano de sempre, concretizei sonhos que já tinham passado e passei metas que só pensava atingir muito mais tarde na vida. Sinto-me melhor que nunca. Sem falta de humildade: sou melhor pessoa, mais homem, mais humano, mais ser. As mundivivências (mesmo assim: mundivivências) que me vão metamorfoseando e melhorando não são experienciadas sozinhas, antes saboreadas a par, o que permite que o pluck transformador penetra a alma ainda mais fundo. Mas não posso descansar à sombra daquilo que agora sou. A gente vai continuar. Afasto qualquer arrogância que possa ter-se apoderado de mim e sigo viagem: este será o melhor ano de sempre.

Parti por volta do meio-dia. Faz sentido. As pernas indicaram-me logo que as coisas não estavam muito bem. 30 kms, três semanas antes, tinham sido muito mais fáceis de fazer, apesar do treino ter sido na serra e o desnível positivo acumulado ter passado seguramente os 1000 m, foram mais rápidos. O saldo final da corrida foi 1h15m de atraso em relação ao tempo que tinha previsto fazer tudo nas calmas. Não tinha nenhum problema com o tempo, por mim se não pudesse ser em 4 horas, seria feito em 6, o que me preocupava era a Ana, a Camila e o Leonardo (a minha "support team") que estariam atrasados para uma outra actividade. Afinal a outra actividade era a minha festa de anos, toda a gente sabia da festa menos eu...

Adorei, mesmo os quilómetros mais difíceis, onde até fui atacado por cães. Foi brutal.




A Gente Vai Continuar
Jorge Palma
  
Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

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